06 de Março de 2012
Os estudantes do primeiro período de medicina da Universidade Federal de Campina Grande, campus Campina Grande, juntamente ao Diretório Acadêmico de Medicina Francisco Brasileiro (DAFB) e o Diretório Central dos Estudantes da UFCG (DCE) decidiram paralisar as aulas dessa turma, em protesto ao descaso da Pró-Reitoria de Ensino (PRE) e da administração da UFCG em geral, diante dos problemas enfrentados pelos candidatos do processo seletivo (vestibular) para o curso de medicina dessa instituição.
Em 2011, com a adoção do ENEM não SiSU, ocorreu o aumento do número de candidatos às vagas da Universidade Federal de Campina Grande. No entanto, grande parte dos aprovados não compareceu para efetivar seu cadastramento e matrícula nos respectivos cursos, o que acarretou num alto número de candidatos chamados da lista de espera. A inexistência de um processo eficiente de convocação fez com que as aulas de muitos cursos fossem iniciadas com vagas ociosas, especialmente em medicina, que iniciou o período letivo com poucos alunos matriculados. O preenchimento das vagas só foi possível através de meios judiciais, depois da interrupção das aulas por um mês, com prejuízo ao andamento normal do semestre.
Nesse ano, 2012, nada foi feito para evitar o problema e ele se repete mais acentuadamente. As aulas iniciaram com apenas 14 alunos matriculados, de um total de 45 vagas. Hoje, após uma semana de aula e quatro listas de convocação, o curso encontra-se com 25 alunos. Ao mesmo tempo em que 20 vagas estão sobrando, apenas no primeiro período, aproximadamente 10.000 candidatos aguardam na lista de espera. Os alunos convocados na última chamada já sentem os prejuízos da semana de aula perdida, e quanto mais o tempo passa, maior o atraso acadêmico a ser enfrentado pelos próximos remanejados.
O edital do processo seletivo prevê apenas mais uma chamada para completar as vagas. No entanto, o DAFB entrou em contato com os próximos 20 candidatos remanejáveis e, desses, apenas cinco manifestaram interesse em ocupar a vaga. Após essa chamada, o documento não prevê os próximos procedimentos para a convocação de candidatos do primeiro período.
Foram sugeridas à Pró-Reitoria de Ensino várias medidas para solucionar essa problemática, porém, nenhuma das propostas apresentadas sequer foi discutida. Para a PRE, não existe problema, o processo ocorre dentro da normalidade. Como afirmar que não há problema num processo seletivo em que 111,74 candidatos concorrem a cada vaga e não há um método eficiente para preenchê-las, estando o primeiro período do curso de medicina com apenas 25 alunos matriculados?
Devemos analisar também o desperdício de dinheiro público, uma vez que a instituição de ensino recebe verbas referentes a 45 vagas por período. Esse dinheiro é fruto dos impostos pagos pela sociedade para a formação de profissionais que virão a servi-la futuramente.
Por tudo isso, visando minimizar os danos desse processo, nós, estudantes, decidimos interromper as aulas do primeiro período, em uma atitude pensada e responsável. Queremos transparência e agilidade na busca por uma solução viável para a convocação dos candidatos da lista de espera até o total preenchimento das vagas. Queremos diálogo e clareza por parte da Pró-Reitoria de Ensino e que o processo seletivo da UFCG seja repensando para que esse problema não aconteça novamente. Dessa forma, contamos com o apoio não só dos estudantes, professores e funcionários da UFCG, mas da sociedade como um todo, pois trata-se de uma questão de responsabilidade social e de luta para termos nossos direitos garantidos.
A universidade é do povo.
Assinam essa carta:
1° Período do curso de Medicina da UFCG-CG
Diretório Acadêmico Francisco Brasileiro (DAFB)
Diretório Central dos Estudantes da UFCG-CG (DCE-UFCG)
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